Muitas vezes, ações de outras pessoas ou nossas próprias ações podem causar ressentimento. Ressentir algo que aconteceu, pela origem da palavra, é sentir repetitivamente, sentir novamente a dor ou raiva diante de algo que ocorreu no passado.
Assim, não é surpresa que o perdão seja um caminho possível e muitas vezes necessário para lidar com alguns sofrimentos que nos causam ansiedades e depressões.
Mas o que é perdoar?
Perdoar é um processo que requer coragem e reflexão crítica. É difícil e pode ser muito angustiante à medida que nos deparamos com limitações da nossa condição como seres humanos. É importante, contudo, desmistificar algumas crenças sobre o que é perdão:
- Perdão não é (des)culpar retirando a responsabilidade daquele que “transgrediu”;
- Perdão não é deixar que o tempo passe e esquecer o que aconteceu (até porque, querer esquecer não significa que conseguimos esquecer);
- Perdão não é aprovar um comportamento e justificar algo errado;
- Perdão não é negar que algo aconteceu; e
- Perdão não é reconciliação.
Sempre aprendemos que uma ação tem uma reação, e assim, diante de um acontecimento que nos machuca, podemos querer recorrer a respostas “lógicas” tais como punição, vingança ou retribuição. Em sua obra “A condição Humana”, Hannah Arendt apresenta o perdão como “a única ação que não re-age apenas, mas age de novo e inesperadamente, sem ser condicionada pelo ato que a provocou e de cujas consequências libera tanto o que perdoa quanto o que é perdoado”.
Assim, diferente de uma simples reação, perdão é compreender e aceitar que eventos do passado não podem ser mudados, reconhecendo e validando a dor ou a raiva que sentimos (e tudo bem sentir).
É nos abrir para a possibilidade de uma nova compreensão sobre o que remete ao outro e o que remete a nossas próprias inseguranças, refazendo nossas estruturas e nos abrindo a novas ações a partir de onde estamos e não do passado que nos machucou. Perdoar é nos permitir nos libertar e bem-estar.