A cada dia, mais pessoas relatam terem dificuldades em encontrar e construir relações satisfatórias e felizes. Mas por quê?
Será que mudamos tanto com o passar do tempo e nossas avós é que estavam certas pois conseguiam manter relacionamentos sólidos e duradouros, enquanto hoje isso nos parece quase impossível?
E o famoso “dedo podre”? Como se explica?
Podemos pensar nesse fenômeno de duas formas. Por um lado, nunca estivemos tão expostos através das redes sociais como hoje, nunca tivemos tantas possibilidades em nossas escolhas, o que nos faz sempre buscar novos estímulos quando os velhos já não são tão agradáveis ou atrativos, tirando a possibilidade de viver cada fase profundamente.
Como bem lembrou Zygmunt Bauman em sua obra “Amor Líquido”, “… vivemos tempos líquidos, nada é para durar.” Isso se reflete também nas relações superficiais e passageiras, sem darmos a elas tempo para viver todas as suas fases.
Por outro lado, a Psicologia acrescenta à essa visão, o fato de que cada relacionamento é uma chance para treinarmos nossas habilidades emocionais, nos confrontarmos com nossas falhas e dificuldades, na medida em que nos desafia quando temos que encarar o outro e entendê-lo como diferente de nós e lidar com nossos traumas emocionais como o abandono, a culpa e o medo da perda, por exemplo.
Sendo assim, o famoso “dedo podre” nada mais seria que uma repetição de padrões e perfis de pessoas que acabamos buscando inconscientemente para reforçar uma crença emocional, lidar com nossas dificuldades, reproduzir padrões de relacionamento conhecidos, ou mesmo confirmar a nós mesmos que é isso que merecemos. Complicado, não? Mas a mente é um universo que não obedece a lógica comum, e muitos dos processos ocorrem a nível inconsciente, sem que consigamos ter acesso.
Na visão da Psicologia, “dedo podre” não seria um ato mágico ou de má sorte, mas se trataria de nossa própria responsabilidade nessas escolhas e como fazer para modificá-las, encarando a nós mesmos como agentes dessa mudança, não o destino. Para isso, temos que tomar consciência dessas escolhas e que se não mudamos a nós mesmos (não o outro!), elas estão destinadas a repetirem-se sempre.