Quantos de nós pensam na palavra “vulnerabilidade” e associam essa ideia a algo negativo e ameaçador? “Ser vulnerável” em nossa sociedade frequentemente é associado a sentir vergonha e a ser fraco e, assim, sentimos medo de como podemos nos machucar e como podemos sofrer. Nessa angústia, levantamos paredes, armaduras, e todo o tipo de proteções “para que não sejamos vulneráveis”. Mas a grande pergunta é: ao fazer isso, conseguimos de fato nos livrar das nossas vulnerabilidades?
Em seu livro A coragem de ser imperfeito, Brené Brown, professora na Universidade de Houston que se debruça a entender aspectos da vulnerabilidade e empatia, destaca o fato de que as incertezas, riscos e exposição emocional que enfrentamos todos os dias não são opcionais. Ou seja, nossas vulnerabilidades não deixam de existir, mas meramente temos a escolha de se apropriar dessas vulnerabilidades, ou tentar ignorar essas vulnerabilidades. O grau com que tentamos nos proteger e nos esconder de nossas vulnerabilidades é uma medida do nosso medo e da nossa desconexão.
Como ser vulnerável pode ser algo bom?
“A vulnerabilidade é o centro das emoções negativas, mas também é o berço de todas as outras emoções positivas: amor, pertencimento, alegria, empatia, inovação e criatividade”. – Brené Brown, 2012
Ser vulnerável é de fato assustador, ainda mais em uma sociedade em que sentimos que temos que ser perfeitos e ter certeza de tudo. Contudo, imperfeição, incerteza e medo são partes constituintes da experiência humana.
É a partir do reconhecimento dessa humanidade que nós temos em comum com outras pessoas que conseguimos criar conexões; e é a partir dessas conexões que podemos construir relacionamentos interpessoais saudáveis, viver o amor, o pertencimento e ser mais empáticos uns com os outros.
Ser vulnerável é nos permitir estar com as pessoas e no mundo, aceitando nossas imperfeições, “dando a cara a tapa” quando defendemos e lutamos por algo que é importante para nós, mesmo sabendo que podemos sim nos machucar e falhar. Se conhecer e de se REconhecer em um espaço como a terapia é algo extremamente potente nesse caminho de nos permitirmos sermos e nos mostrarmos através dessa vulnerabilidade. Ser vulnerável não tem a ver com fraqueza, ser vulnerável tem a ver com coragem.