Sabe os estilhaços das tempestades que passamos? O efeito colateral invisível de situações que abalam nossas estruturas básicas de segurança e confiança. Se compararmos um trauma a um tiro, pela frente um buraquinho que poderia ser tampado com um band-aid, atrás, aquele rombo.
Seja viver acidentes, lutos, tragédias, seja uma infância com abuso físico e/ou psicológico, pode ser um trauma intrauterino, transgeracional, sei lá. Quais tipos de traumas andamos colecionando por aí? Como se comportam aí dentro? Como são diferentes dependendo da percepção, do entendimento e personalidade de cada um, diante da marca daquela vivência.
Às vezes esquecemos, às vezes super racionalizamos e falamos do acontecido sem expressão alguma, às vezes podemos nos lembrar como algo que não foi real, tipo sonho, nos desassociamos mesmo, tantas possibilidades.
Muitas vezes temos gatilhos, algo que em segundos aciona uma memória, o sentimento volta, como uma comida ruim que regurgita na boca, segundos de paralisação, seguido de uma reação esquisita, um ajustamento criativo. Como algo que não fluiu, que está empacado e veio de supetão. Isso quando não fica lá, marcando presença silenciosa nas escolhas.
E o troço volta e se revive e te revira. Medos assustando, culpas, tristezas, segredos indesejados. Uma parte que se rasteja nos porões de si mesma toda despedaçada.
São atemporais, mas de repente caímos na real que o tempo passou, a tempestade está de aniversário. Se sente o marco da nova versão, existe uma pessoa de antes e a de depois. Dia após dia na luta para cuidar dessas feridas e se fortalecer no agora, é hora de se atualizar.
Ganbatte no trato com seus estilhaços.
(Ganbatte é uma expressão em japonês para “Força” “Faça o seu melhor”)
Um salve a todos que seguem caminho nas suas reabilitações de suas tempestades.
A psicologia é um espaço seguro para o autocuidado e assim se reinventar.
Vamos experimentar?