Às vezes podemos pensar que aquele nosso tio bravo sempre foi bravo, ou que aquela mãe do nosso amigo que nunca questionava nada sempre foi assim, no entanto, há evidencias que nosso estilo de comunicação é algo aprendido ao longo da nossa trajetória e que, portanto, pode ser algo modificado.
Como mencionado acima, podemos, de uma forma geral, nos portar de três maneiras: agressiva, passiva e assertiva. A primeira maneira é categorizada pela defesa dos próprios direitos acima de tudo e todos. Pessoas agressivas normalmente conseguem o que querem, no entanto, possuem muitas dificuldades na manutenção das suas relações pessoais.
Pessoas passivas nunca expressam seus pensamentos e sentimentos, e acabam por invalidar seus próprios direitos possibilitando outros a violarem os mesmos. Esse tipo de comunicação pode causar baixa autoestima, culpa e ansiedade.
No meio desses dois estilos há a assertividade. A assertividade é uma classe de habilidade social presente diante de uma demanda social que exige enfrentamento. Dentro dessas habilidades estão por exemplo: expressar raiva e desagrado, falar sobre suas qualidades e defeitos, fazer e recusar pedidos e etc. Sua prática estimula o autoconhecimento, auto estima e favorece o desenvolvimento de relacionamentos saudáveis.
Nem sempre quem é assertivo agrada a todos, mas esse estilo de comunicação usa o equilibro entre a defesa dos próprios direitos e a defesa dos direitos dos outros.
Ok. Mas como tudo isso se desenvolve?
Nosso estilo de comunicação se desenvolve a partir da interação constante que temos com o nosso ambiente e as outras pessoas. Por exemplo, se você é uma pessoa que teve suas opiniões ou comportamentos punidos/castigados/desvalidados durante a infância, com base na sua interpretação da situação, você pode entender que ser passivo é uma forma de escapar dessa punição no futuro. Da mesma forma, a pessoa pode entender que precisa, então, defender com mais ferocidade seus direitos, e acabar adotando uma postura mais agressiva na comunicação.
Para conseguirmos encontrar o equilibro e adotar uma postura assertiva na nossa comunicação, precisa-se antes, conhecer a si próprio.
No processo para ser mais assertivo necessita-se de um bom treinamento e observação constante do seu meio e de si próprio. A psicoterapia pode ajudar no desenvolvimento inicial desse estilo de comunicação, sendo o psicólogo um ouvinte preparado que proporciona o ambiente seguro necessário durante o treinamento, sem o perigo da “punição”.
Ah, o que torna um comportamento socialmente hábil ou não, depende da cultura na qual o individuo está inserido, mas se você é imigrante, tenho uma boa noticia para você.
Em um estudo de 2016 “Social Skills Use in Internacional Students in Japan – Habilidades sociais em estudantes internacionais no Japão“ (TANAKA; OKINISHI), os pesquisadores concluíram que, apesar das diferenças culturais por vezes dificultarem a comunicação, a exposição à uma nova forma de cultura amplia o reportório de comportamentos e não “atrofia” os comportamentos previamente aprendidos.
Sendo assim, a exposição, enfrentamento e posicionamento, não importando a cultura, contribuem para uma melhora na qualidade de vida e, caso tenha problemas com isso, não hesite em procurar ajuda, a psicoterapia também pode te ajudar a se comunicar melhor.