Quando passamos por uma situação difícil, frustrante ou que nos causa sofrimento, muitas vezes uma das primeiras coisas que questionamos é de quem é a culpa por aquilo ter acontecido ou pelas coisas estarem do jeito que estão. Contudo, culpar alguém ou uma situação é algo que pode nos impedir de realmente olhar e compreender o que está acontecendo de maneira construtiva. É importante entendermos que existe uma diferença entre culpa e responsabilidade quando refletimos sobre as coisas com as quais não estamos satisfeitos.
Culpar é, em grande parte das vezes, meramente descarregar raiva, dor ou desconforto que sentimos diante de uma situação. Culpar é um movimento de apontar algo que entendemos como erro, uma transgressão e muitas vezes vem acompanhado de uma sensação de que a pessoa culpada merece uma punição. Isso nos faz posicionar as pessoas no papel de “vilão” e “vítima” da história, de maneira que pode ser demasiadamente simplista quando consideramos a complexidade da nossa experiência.
Tanto no âmbito individual quanto nas nossas relações, a culpa cala e paralisa, impossibilitando a comunicação tanto com as outras pessoas quanto consigo mesmo.
Quando essa culpa é direcionada a nós mesmos, ela traz consigo uma ação quase paradoxal: ao nos culparmos temos uma ilusão de controle (como se o ocorrido dependesse apenas de nós), ao mesmo tempo que também nos sentimos à mercê de uma força que não entendemos, pois parece que o que foi feito ou o que foi dito veio de um lugar monstruoso e desconhecido sobre o qual não temos controle algum. Isso faz com que acreditemos que a “falta” e “o erro” estejam em nós.
Nos culpar abala a nossa autoestima à medida que se refere diretamente à maneira como nos enxergamos e como analisamos uma situação.
A responsabilidade é bem diferente. Nos responsabilizar é um ato que requer se apropriar de maneira honesta sobre o ocorrido. É compreender de que maneira fomos responsáveis, sendo sinceros com relação à maneira que nossas necessidades, desejos e medos fizeram sim parte da experiência e das nossas decisões e de como as coisas ocorreram; mas também entender em que medida nós não somos o único fator isolado e independente que define como as coisas acontecem e como nos sentimos. Ela tem a ver com colocar a devida responsabilidade em cada pessoa e situação e a partir daí avaliar quais as possibilidades ou não de ação.
A culpa é uma reação que coloca um ponto final injusto enquanto a responsabilidade abre a possibilidade de, assim como a palavra infere, responder a partir de uma consciência. Assim, conseguirmos olhar para as coisas a partir dessa perspectiva é um passo importante para nos permitirmos entender, perdoar e aprender para sermos mais cuidadosos e compreensivos com nós mesmos e com os outros.
Me interessei pelos projetos
Gratidão Rosangela! Seja bem vinda, precisando, conte conosco! 🙂
É de grande relevância todos estas informações para as lideranças escolares, são experiências exitosas.
Que texto brilhante! Parabéns