Medo dentro de casa: violência doméstica.

Pensando nos diferentes ambientes e relações sociais das pessoas podemos destacar, o escolar, social e familiar. A família constitui o primeiro contato social de qualquer pessoa, influenciando em seu processo de socialização. A maneira na qual a interação familiar ocorre, é algo extremamente importante. E se caso essa dinâmica familiar estiver disfuncional, envolvendo brigas e agressões de qualquer tipo e intensidade? Você já viu alguma pessoa próxima demonstrar angústia, mudança repentina no comportamento, sendo estes desproporcionais à situação? Pode se tratar de violência doméstica. Nesse texto iremos nos aprofundar sobre essa temática que pode afetar os relacionamentos e dinâmicas familiares.

A violência doméstica pode ser considerada toda e qualquer atitude ou comportamento que é realizado através da força e da brutalidade dentro de uma relação envolvendo uma das partes. Tem como principal objetivo manter qualquer tipo de controle sobre a outra pessoa através da coerção, contra a própria vontade da mesma. Outra característica da violência doméstica, envolve diferentes tipos de agressões sendo elas, físicas, psíquicas, sexuais, morais e patrimoniais.

Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, a violência doméstica não está relacionada apenas ao relacionamento conjugal, pode envolver crianças, adolescentes, adultos e idosos. De um modo geral, a pessoa que realiza a violência doméstica, tem comportamentos violentos visando obter ou impor algo através da força.

Essa temática é extremamente séria, pois pode estar relacionada a situações extremas como crimes, como por exemplo feminicídio. A violência doméstica é citada no artigo 5° da Lei Maria da Penha, a Lei nº 11.340/2006, com dados obtidos durante uma pesquisa realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostrando estatística a respeito do índice de violência doméstica no Brasil, pesquisa divulgada em 2021. No ano de 2019 30,4% dos homicídios contra mulheres aconteceram dentro de casa. No entanto, esse número aumentou 22% entre os meses de março e abril de 2020.

Na prática pode não ser tão simples de identificar os diferentes tipos de agressões. Vamos defini-los a seguir: Violência física é caracterizada por comportamentos de bater, empurrões e/ou espancamento, puxões de cabelo, atirar objetos, sacudir, mordidas, etc. Outro tipo de violência relacionada é a patrimonial: na qual consiste em controlar, reter ou tirar dinheiro, objetos ou documentos da pessoa, causar danos propositais aos bens e direitos, visando manter qualquer tipo de dependência.

Já na violência moral: a principal característica está no fato de realizar comentários inapropriados e ofensivos com a intenção de causar constrangimento na frente de qualquer pessoa (seja ela conhecida ou não), expor a vida íntima do casal para outras pessoas, inclusive nas redes sociais, acusar publicamente a mulher de cometer crimes, difamar, mentir ou inventar histórias a respeito da imagem da pessoa com a intenção de diminuí-la diante de familiares e conhecidos.

A última das violências relacionadas é a sexual: e consiste em forçar relações sexuais quando a pessoa não tem interesse ou condições de realizar a relação sexual, fazer a pessoa ter contato com pornografia sem o consentimento dela, obrigar a ter relações sexuais com outras pessoas, e no caso das mulheres, impedir que ela tenha acesso a métodos contraceptivos.

Como a realidade das pessoas podem ser diferentes é interessante também mencionarmos o ciclo da violência doméstica, que basicamente consiste em 3 fases, que são elas:

1° Aumento na tensão: A tensão que se acumula durante a rotina, as ameaças verbais do agressor(a), cria na vítima uma sensação de temor ou “perigo iminente”.
2° Ato e/ou ataque violento: O agressor(a) abusa de diferentes maneiras, seja física e psicológica , entre outras da vítima. A frequência e a intensidade desses abusos tendem a aumentar.
3° lua-de-mel: O agressor(a) passa a fazer inúmeras promessas, passa a demonstrar afeto e preocupação com a vítima, pedindo desculpas pelo abuso e prometendo mudanças (que nunca mais usará violência por exemplo).

O intuito desse texto é conseguir trazer uma perspectiva do funcionamento de relações que colocam em risco a vida de inúmeras pessoas.

Dependendo do período em que a pessoa está exposta a esse tipo de relação, ela pode ter dificuldade de identificar as características abordadas nesse texto. Você deve estar se perguntando se existe uma maneira adequada e eficiente para lidar com essa situação, então, além de procurar os devidos órgãos (delegacia), é importante contar com uma rede de apoio (familiares, amigos ou pessoas próximas).

A psicoterapia consiste no tratamento baseado na relação entre o profissional (psicólogo) e o indivíduo. Com a interação e o diálogo, é possível oferecer um ambiente neutro, acolhedor, de apoio, escuta e principalmente sem julgamento, permitindo que a pessoa fale abertamente sobre a sua condição.

Caso você tenha alguma dúvida, dificuldade ou necessitar de orientação sobre seus relacionamentos, procure e conte com a equipe de psicólogos do Projeto Sakura.

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