Meu filho está mentindo, e agora?

Quando pensamos nas diferentes interações sociais presentes no nosso cotidiano, sabemos que para cada situação, ambiente e relação, o manejo muda e há diversas formas de agir em cada um desses cenários.

Por exemplo, quando surge um convite inesperado; quando você prova uma comida que não gostou; uma pessoa próxima mudou o visual ou cortou o cabelo, como você se comporta nessas situações?

Em momentos como esses, um comportamento que as pessoas podem utilizar para lidar é o da mentira.

Desde criança, escutamos que mentir é feio, que é algo ruim, além de ser um comportamento socialmente inadequado, mas e quando os pais percebem que seus filhos estão mentindo, o que fazer? Antes de responder a essa pergunta, precisamos entender o funcionamento e qual é o contexto em que está sendo utilizada essa conduta.

É praticamente impossível uma pessoa viver em sociedade sem usar esse comportamento em algum momento da vida. Aqui é necessário fazer uma diferenciação: podemos caracterizar a mentira de duas maneiras diferentes, a “mentira branda” e a “mentira nociva”.

A primeira, é caracterizada por ser um comportamento socialmente aceito. Utilizada para facilitar o convívio em sociedade, para evitar um constrangimento, resguardar sua intimidade, ser educado e até mesmo para não magoar pessoas próximas, e a consequência dessa mentira não tem por objetivo prejudicar as pessoas envolvidas na situação. Podemos usar como exemplo o seguinte contexto: um amigo está aprendendo uma receita nova e nos chama para prová-la.

A comida está extremamente salgada e, enquanto comemos, nosso amigo pergunta o que achamos do prato. Essa é uma circunstância em que é possível empregarmos a mentira branda de modo a evitar uma situação que cause mal-estar aos envolvidos.

Já a mentira nociva, pode ser definida como a socialmente reprovada/inadequada, pois tem como objetivo obter algum tipo de vantagem, manipular, distorcer informações e acaba prejudicando pessoas próximas, também sendo considerada como deslealdade e desonestidade. Por exemplo, quando a criança ou adolescente cola em uma prova, ou quando um adulto perdeu o horário para ir trabalhar e inventa uma desculpa para a chefe.

Quando comparadas essas duas situações, o que elas têm em comum? A mesma função de evitar uma possível consequência negativa e/ou algum tipo de sofrimento. Por outro lado, tem pessoas que mentem visando serem aceitas socialmente (quando se conta uma história aumentando ou distorcendo os fatos ocorridos, por exemplo).

As crianças e adolescentes tendem a aprender esse tipo de comportamento de duas formas diferentes, são elas: por modelagem e modelação. A primeira forma acontece por meio da observação dos diferentes comportamentos dos responsáveis e o cuidadores; a segunda, ocorre de maneira a emitir diferentes comportamentos, que quando reforçados (ganhando atenção) aprende-se qual é o comportamento mais eficaz para determinada situação.

Por conta dessas duas formas de aprendizado, é extremamente importante que, desde cedo, as crianças e adolescentes sejam ensinados sempre a dizer a verdade. Este aprendizado acontece progressivamente ao longo do desenvolvimento, e os pais são os principais responsáveis em demonstrarem como ter um repertório de comportamentos diversificados e adequados, assim ensinando diferentes habilidades sociais.

Os filhos utilizam como parâmetro as atitudes das pessoas do seu cotidiano. Pais que utilizam como base a verdade e que assumem a responsabilidade de seus comportamentos (por aquilo que dizem ou fazem), criam filhos responsáveis.

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