Frases como esta podem ser ouvidas com frequência ao nosso redor. Há uma frustração muito grande por sentir, pensar ou se afetar de uma certa maneira diante de algumas situações ou, até mesmo, aparentemente “do nada”. Quando fazemos isso, estamos invalidando nossas emoções, o que é muito nocivo para a nossa saúde e para o cuidado com nós mesmos e também com os outros.
Muitas vezes temos a ilusão de que sentimentos são fraquezas; que tirar a importância das nossas reações é ser forte; ou simplesmente sentimos que nossa reação é errada ou inadequada e por isso queremos suprimir essas sensações ruins que sentimos. Assim, dizemos para nós mesmos ou para os outros que aquilo que incomoda é uma “besteira”, “sem importância” e que “não faz sentido ficar mal com isso”.
Porém, nomear e entender as coisas desse jeito não faz as coisas desaparecem, não faz com que pare de ser difícil e muito menos anula a importância que aquilo tem e como aquilo nos afeta. Assim, validar o que sentimos é essencial para lidar de fato com esses sentimentos ao invés de apenas reprimi-los.
E como validar as emoções pode ajudar?
Validar uma emoção é, em uma interpretação, reconhecer e aceitar aquela emoção. Essa é uma tarefa difícil em um mundo que repetitivamente invalida os nossos sentimentos. Por exemplo, aprendemos desde crianças que devemos “engolir o choro”, que tem coisas que “não são motivos para ficar chateado”, ou que “não importa, já passou”. Apesar de parecerem colocações inofensivas e muitas vezes ditas para de alguma maneira ajudar a criança a parar de chorar, isso é um tipo de invalidação que aprendemos desde pequenos e a partir do qual vamos aprendendo que há emoções que são inadequadas, erradas ou desnecessárias por si só.
Então primeiro aceite que aquele sentimento está ali. “Estou chateado, estou com raiva, e tudo bem eu me sentir assim”. Isso inclui compreender que emoções não aparecem sem motivo, e que se sentimos o que sentimos, há sim uma razão para isso. É a partir desta compreensão que se torna possível olhar para o que está acontecendo, de onde vem essa frustração, se apropriar desse processo e então se direcionar às possibilidades de lidar com o que estamos sentindo. Através desse processo temos a possibilidade de nos conhecermos e nos entendermos melhor.
Reconhecer que nossas reações e sentimentos não aparecem sem motivo e que aqueles sentimentos têm seu lugar não significa que não nos responsabilizamos por ele (lembrando que se culpar é diferente de se responsabilizar). É precisamente a partir desse reconhecimento que abrimos caminho para nos apropriarmos de nossas emoções e conseguirmos tomar responsabilidade pelo que cabe a nós em uma dada situação para conseguirmos lidar com aquilo e quais as possibilidades e não possibilidades para nós.
Se ao sentirmos raiva e gritamos com alguém, por exemplo, reconhecer que a raiva é real e vem de algum lugar não faz com que gritar com alguém seja ok, ao contrário nos possibilita entender que uma vez que ela vem de algum lugar, é nossa responsabilidade cuidarmos para entender o que nos leva ao ponto de ser violento com alguém e como podemos cuidar disso levando em consideração a realidade individual de cada um.
Assim, é importante manter em mente que, se algo nos afeta de alguma maneira, aquilo tem importância e está nos comunicando algo sobre nós. A validação abre a possibilidade para compreensão do que acontece e para o cuidado com a nossa saúde mental e com as pessoas com as quais convivemos.