Quando falamos em relacionamento abusivo, em geral nos referimos a relacionamentos amorosos ou de família, mas quase nunca nos atemos a outro tipo de vínculo que também pode configurar um relacionamento abusivo, embora com algumas características um pouco diferentes: o relacionamento abusivo que acontece no ambiente de trabalho envolvendo chefes ou colegas de trabalho.
E porquê ele é tão difícil de ser identificado e relatado?
Quando estamos envolvidos em uma situação de trabalho, principalmente quando o abusador é hierarquicamente superior a quem sofre o abuso, o medo de perder o emprego e ficar sem a sua fonte de renda é um dos primeiros impedimentos que fazem com que a vítima muitas vezes não tome nenhuma providência em sair dessa situação.
Por outro lado, a tendência, muitas vezes em duvidar se a atitude é realmente um abuso ou somos nós que estamos exagerando ou “vendo coisas onde não há“, faz com que se permita a continuidade desse comportamento, ao não colocar limites que façam o abusador parar.
No caso dos colegas de trabalho, o desejo de não entrar em situações de conflito que ameacem a paz do ambiente (já que é necessário continuar convivendo diariamente), ameaçar o próprio emprego, bem como novamente a desconfiança se o comportamento caracteriza ou não abuso, fazem com que a vítima novamente não se defenda e se cale, acumulando sentimentos como tristeza, raiva e frustração.
Mas o que pode ser configurado como abuso laboral de chefes ou colegas de trabalho? Relacionamento abusivo não é somente aquele em que há violência física, embora essa seja, sem dúvidas, um dos principais sinais.
A violência física em qualquer ambiente, é sim considerada abuso, e não deve ser aceita. Mesmo um empurrão, ou um toque não consentido, onde a pessoa se sinta invadida deve ser reportado. Mas também é considerado abuso o tratamento desrespeitoso, não só através de xingamentos ou palavras grosseiras, mas também de falas que invalidem a pessoa e diminuam sua capacidade constantemente, tratamento de silêncio frente a uma situação, ameaças a integridade física ou de permanência no emprego, (mesmo que veladas), comportamento manipulador, o que causa imenso dano emocional ao empregado, que muitas vezes entra em uma espécie de sofrimento mental ao não conseguir definir o abuso como tal, enfim, essa e várias outras são formas de abuso.
O que devemos fazer é estar atentos a como nos sentimos com as pessoas do nosso trabalho e identificar nossos próprios sinais, e caso de alguma forma sintamos que algo não está bem, o caminho é conversar com a pessoa envolvida na situação, expressando nosso desconforto de forma clara e não agressiva e oferecendo uma opção diferente de lidar com a situação.
Caso não seja possível solucionar, falar com alguém responsável (um chefe superior por exemplo), um familiar ou amigo que possa nos ajudar a ver a situação de um outro ângulo e propor alguma solução ou com um profissional que possa oferecer ajuda, principalmente quando há uma dificuldade de definir a situação abusiva como tal e de colocar limites na forma como nos tratam, pois nesse caso essas situações tendem a se repetir.
Em caso de dúvida busque um Psicólogo, que é o profissional que está habilitado a te atender nesses casos.
